01 de set. de 2020
Por: Heloísa Capelas
Recentemente, lancei uma série de conteúdos inéditos voltados às mulheres que buscam desenvolver seu potencial inato de liderança (caso não tenha acompanhado, ao final deste artigo, você encontra o link para tudo que produzi e publiquei neste período).
Hoje, enfim, encerro a série “Liderança Só Para Mulheres” com este artigo, um guia definitivo de dicas para que você, mulher, possa assumir a frente de suas próprias escolhas e responsabilidades em cada âmbito da sua vida. Vamos lá?
Decidi começar por esse tema, porque, ainda hoje, as dificuldades na vida amorosa costumam estar estar entre as principais queixas das mulheres que chegam também em meus cursos. Elas contam o quanto é difícil conciliar o trabalho com o namoro ou casamento; falam do peso do machismo nas suas relações; compartilham as cobranças e aflições com as quais têm de lidar apenas por serem mulheres.
Bem, o que dificulta ou facilita a vida amorosa depende, mesmo, de cada mulher. Afinal, como tenho dito ao longo dessa série, somos todas únicas; temos crenças e valores únicos, que geram também comportamentos únicos. Isso quer dizer que não se pode generalizar. O que “serve” para umas, certamente não servirá para outras.
Ainda assim, há um ponto de partida que, na minha concepção, precisa ser a premissa de todas aquelas que buscam mais qualidade em suas relações: a compreensão profunda de que a nossa felicidade não está nas mãos do outro.
Muitas mulheres ainda acreditam, inconscientemente, que só serão felizes quando conquistarem o amor do outro e, por isso, se tornam dependentes da atenção, do carinho e do afeto alheio (ou, então, passam a vida em busca de um(a) parceiro(a) capaz de lhes oferecer tudo isso).
Esperar que o amor nos seja dado de dentro para fora é um erro muito comum. Afinal, o único amor incondicional que vamos experimentar em nossas vidas é o amor-próprio. Portanto, para que possamos ser felizes numa relação a dois, precisamos, antes de tudo, quebrar o paradigma de que alguém será capaz de nos amar independentemente ou acima de qualquer coisa, quando nós mesmas, muitas vezes, não somos capazes de nos amar independentemente ou acima de qualquer coisa.
Então, o maior segredo da felicidade nas relações amorosas é que você volte primeiro os olhos para si mesma para se preencher por dentro. E que, em meio a esse exercício de autoconsciência, comece a se dar a atenção, o carinho e o afeto que você busca e merece. Entenda que seu parceiro ou parceira tem personalidade, crenças e desejos que podem, sim, ser diferentes dos seus, afinal todos somos diferentes uns dos outros.
A minha segunda dica é: livre-se das expectativas. Esperar ou cobrar do outro um comportamento que não depende de você só contribui para gerar frustrações. Esteja aberta para compreender que, se você tem direito e deseja poder pensar e ser como é, o outro também; portanto, está tudo bem que ele ou ela tenha um posicionamento diferente de você em alguns assuntos. Sempre que possível, negocie. A troca na relação fica muito melhor, efetiva e possível quando você deixa de acreditar que a outra pessoa tem a obrigação de lhe fazer feliz.
É muito bom nos sentirmos bonita, não é mesmo? Mas, afinal você já parou para pensar no que é que sustenta a beleza? Sim, é o amor-próprio que alimenta a autoestima e que nos leva a um novo estágio de satisfação e cuidado consigo. O que eu quero dizer é que não adianta nada ser linda por fora se, por dentro, suas emoções estão lhe corroendo (ou vice-versa).
Aliás, a relação entre beleza e amor-próprio sempre perpassa pelo Autoconhecimento. Quando nós nos conhecemos de verdade, quando topamos encarar e abraçar nossos defeitos e qualidades, chegamos um lugar maravilhoso em que reconhecemos nosso corpo como uma dádiva. Afinal, sem ele, nós não existiríamos!
Essa compreensão é essencial porque nos alimenta e nos encoraja ao autocuidado. Então, reforço que o caminho da autoestima começa dentro de você e é um treino. Sim, é isso mesmo. Saiba que, por mais que você conte com ajuda externa, a pessoa que melhor vai fazer por você mesma sempre será você. Então, pratique: comece trazendo mudança para o modo como pensa, enxerga e se sente em relação a si mesma.
Parece simples, mas, quanto mais treinado, mais nosso inconsciente assimila as informações como verdadeiras e, daí, passa a nos ajuda a tomar decisões mais saudáveis e plenas.
A minha proposta para você alimentar sua beleza, sua capacidade de se sentir bonita, é simples: que tal reservar 10 minutos do seu dia, todos os dias, à mulher mais incrível que existe… você?
Procure um lugar confortável, silencioso, feche os olhos, e mentalmente, veja você do modo como gostaria de estar, em termos de saúde e beleza. Sinta todas as sensações que isso lhe traz. Depois, imagine-se fazendo uma ação para tornar essa imagem em realidade.
Pode começar com algo simples, como tomar um copo de água a cada 1h, ou praticar pequenas atividades que lhe tragam bem-estar, como uma caminhada ou exercícios de respiração.
Repita isso todos os dias. Você começará a despertar emoções e criar conexões no seu cérebro que lhe ajudarão a alinhar sua motivação aos seus objetivos. Se você acredita que vai ter preguiça, por exemplo, treine mentalmente para eliminá-la. As visualizações criativas são ferramentas de eficácia comprovada pelas neurociências. Exercite dentro e, depois, colocar em prática será mais fácil.
Seja qual for a sua situação com o trabalho, uma dica valiosa é que você esteja consciente de si mesma. Ou seja, se você está buscando uma recolocação profissional, se está querendo montar seu próprio negócio, ou não está bem no trabalho, as relações estão ruins… Enfim, seja lá qual for seu desejo ou os incômodos em relação ao trabalho, minha sugestão é que pare agora e preste só atenção em você.
O que é que, de fato, você pode fazer em relação a isso?
Pode ser que não tenha nenhuma resposta no momento, mas esse é o primeiro passo para que possa mudar o seu estado emocional – e tudo começa por aí!
Se você continuar se sentindo angustiada, aflita, irritada, culpada, revoltada, com raiva ou com qualquer outro sentimento negativo, será difícil encontrar soluções. Digo isso porque todos nós temos padrões comportamentais negativos e alguns se repetem tanto que viram automáticos, compulsivos e nem percebemos!
Então pratique a Respiração Consciente: pare, pense e respire antes de tomar qualquer atitude. Pensar para respirar é o mesmo que respirar com atenção e isso nos ajuda a sair do piloto automático para tomar consciência de uma ação que, até então, era feita espontaneamente.
Ou seja, significa dar o primeiro passo para começar a se olhar com outros olhos, e começar a fazer mudanças. Antes de tomar uma decisão, respire lenta e profundamente, preste apenas atenção à sua respiração e faça isso por cerca de cinco minutos.
Esse exercício vai lhe ajudar a tomar as rédeas das suas emoções. Já se sabe que a respiração consciente ajuda a afastar o estresse, proporciona bem-estar e estimula habilidades como criatividade, entusiasmo e o raciocínio lógico. Mais do que isso, respirar com consciência também lhe dá a chance de parar brevemente antes de fazer uma escolha. É uma ótima maneira de evitar reações impulsivas, quase sempre desgastantes. Além disso, uma simples respiração consciente permite a você que entre em contato com sua sabedoria interior.
Treinar nosso empoderamento em qualquer área da vida requer, primeiro, mudar nossas crenças e pensamentos negativos. Na área financeira, este é um dos pontos que muitas mulheres vivenciam.
Os pensamentos, via de regra, revelam as crenças e opiniões que carregamos a nosso próprio respeito, mas, na maior parte das vezes, eles são tão automáticos e espontâneos, que nem sequer percebemos o que estão nos dizendo (e causando nas nossas vidas).
Esses pensamentos inconscientes exercem grande influência em como lidamos com tudo na vida: se, lá no fundo, eu me digo que não sou capaz de determinada coisa, é bem possível que eu nem queira me arriscar a começá-la (afinal, mesmo sem perceber, estou certa de que não vou conseguir, então, para que começar?).
Sendo assim, para que você tome decisões melhores e mais positivas sobre dinheiro, o primeiro passo é escutar atentamente e reconhecer cada um dos pensamentos que têm direcionado sua vida nesse quesito. E, lembrando: identificar essas crenças é o caminho para modificar os pensamentos e comportamentos negativos que lhe prejudicam.
Já que estamos falando sobre finanças, funciona mais ou menos assim: aquilo que você aprendeu sobre dinheiro quando criança continua dentro de você. E, de um jeito ou de outro, esse aprendizado infantil repercute na sua vida adulta.
Então, se você teve pais muito gastadores, por exemplo, é possível que tenha se tornado igualmente uma mulher gastadora, que não consegue guardar um único centavo; ou, ao contrário, uma mulher que preza pela economia a qualquer custo, tendo se tornado praticamente uma avarenta.
Ou, talvez, tenha tido pais que diziam que “dinheiro não nasce em árvore”, que quem “nasce pobre morre pobre”… Seja como for, o que você pode estar fazendo é se mantendo fiel a um mesmo aprendizado e crença infantil.
Então, é preciso que tenha consciência do que aprendeu e de como isso atinge sua vida hoje. Essa autoconsciência lhe dará a oportunidade de perceber como seus pensamentos sempre a levam naquela direção – seja “vou gastar tudo”, seja “vou guardar tudo”, seja qualquer outro comportamento que identificou. E, aí sim, você terá mais chances e probabilidades de modificar seus pensamentos para que lhe sustentem na direção que realmente deseja seguir, não naquela que está programada desde sua infância.
Você sabia que pesquisas ligadas à felicidade comprovaram que pessoas que têm laços fortes com amigos e com familiares vivem mais felizes? Sim, é maravilhoso ter bons relacionamentos!
Mas, sabemos que as relações também têm seus momentos de estresse, então aqui gostaria de deixar uma dica para a comunicação mais saudável com os amigos e com seus familiares. Afinal, nem sempre conseguimos expressar o que gostaríamos e acabamos falhando e afastando pessoas de que gostamos. Por isso, a dica é: use a comunicação responsável.
Tenho certeza de que você, como todo ser humano, busca, nas suas relações, reconhecimento, aceitação e amor. Usamos palavras e atitudes em nossa comunicação para que isso aconteça, porém, nem sempre o desfecho é o esperado. Em vez disso, o que recebemos é crítica e rejeição. Por isso, quando somos criticadas, mal interpretadas ou não-ouvidas, sentimo-nos impotentes e frustradas.
Insistimos em recorrer a um mesmo padrão de comunicação, devolvendo ao outro nossa crítica e desqualificação. Afinal, foi ele quem não entendeu ou nem quis ouvir. E, assim, perpetua-se o problema. Quando o olhar fica no outro, seja na expectativa ou na avaliação, não há uma comunicação consciente e nem tão pouco efetiva. A comunicação consciente vem da responsabilização pelas suas atitudes.
Como você pode tornar sua comunicação responsável? Em primeiro lugar, certifique-se da sua intenção. Comece sua fala com “EU”, isto é, responsabilize-se pelo fato de ser você quem pensa ou sente aquilo que está dizendo. Fale do seu sentimento. Mencione sua própria dificuldade em relação aquele assunto. Revirar o baú nunca será útil, portanto, seja específico; nada de repetir “você sempre” ou “você nunca”.
E, o mais importante, reconheça a outra pessoa, dê a ela o que você mais deseja. Ela, assim como você, é um ser humano inteiro que carrega dentro de si todo o bem e todo o mal que caracteriza a humanidade. O que está atrapalhando o convívio é a comunicação inconsciente.
Se você é mãe, afaste-se do risco de abrir mão de sua própria felicidade para conseguir a dos seus filhos. Isso não é possível; a felicidade é individual e intransferível.
Por fim, lembre-se que toda criança precisa de 50% de amor e 50% de frustração. Osso é importante para o desenvolvimento, por isso os pais precisam aprender a dizer não. E, ressalto: a cada “não” que transmitir, inclua três “sim”.
Por exemplo: “na casa da vovó, você não pode fazer bagunça; mas você pode assistir à televisão, brincar com seus brinquedos e tomar lanchinho”. Ou ainda: “você não pode ficar com seus amigos na rua até tarde; mas você pode jogar videogame ou ficar conectado à internet até determinado horário, e também pode ir ao cinema comigo”.
Além disso, se sua intenção é rever e melhorar o seu papel como mãe, gostaria de lembrar: o melhor caminho para abraçar sua maternidade de outro ponto de vista é rever sua história como filha!
O que eu quero propor, então, é que você pense comigo no real significado dessas sentenças: se é verdade que o bom exemplo começa em casa, como dizem por aí, quais foram os bons exemplos que você mesma aprendeu na sua casa de infância?
Quais comportamentos, valores e crenças dos seus pais você carrega consigo até hoje? O que lhe disseram que significava “ser mãe”? O você fez e ainda faz com essas orientações, instruções e ensinamentos ao longo da sua vida? Quantas dessas lições ainda segue à risca e quantas descartou por qualquer motivo?
Você pode nem perceber, mas a criação dos seus pais impacta muito o jeito que, hoje, educa seus filhos. E essa influência se dá tanto para o bem, como para o mal.
Então, este é o desafio da nova maternidade: olhar para a sua história e começar a descobrir como chegou até aqui é um passo essencial para que possa renovar seus laços de amor e respeito com seus filhos.
Bem, eu poderia falar muito mais sobre cada um desses tópicos, mas creio que dei as dicas mais importantes e pontuais para que você possa dar início à sua trajetória de empoderamento e de liderança.
[Leia também]
Liderança Só Para Mulheres, parte 02: para você, o que é poder feminino?
Liderança Só Para Mulheres, parte 01: a importância do Autoconhecimento.